quinta-feira, 14 de novembro de 2013

190 - Para Além do Limiar das Palavras

É doce passear agora pelos campos,
com os diospiros fulgurando ao sol
na mãe quase despida de folhagens;
os ouriços dos castanheiros se abrindo
para nos darem as filhas prometidas;
os vergéis húmidos pelas primeiras chuvas,
ávidos das habituais sementes …

Mas depois, já no abrigo aconchegado
de casa, pela tardinha, a delícia é outra:
em profundas e lentas expirações,
 descendo a gostosas apneias, me liberto
do que em mim é nocivo ou superflui,
me tornando em “consciência de ser”
num agora sem espaço nem tempo

No oceano da energia do universo,
úbere oceano, aí então navego
 solto, sem barco, como que indistinto,
aí navego e mergulho

No princípio de tudo e do tempo,
no limiar das palavras
e no agora que elas nos induzem,
bem mais fecundo  do que elas,
é sempre o verbo primordial,
o verbo da energia universal



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