1 - Olá, amigas e amigos! O eu mental do ser humano é a realidade
mais fascinante que os humanos desde sempre já encontraram, ou melhor, já
vislumbraram no Universo. A realidade mais fascinante, mas também a mais
complexa. E no entanto, o eu de cada
um é só uma realidade mental, resumindo-se basicamente a um frágil feixe de
percepções de experiências que foram acontecendo e que, ligadas pela memória, (eu) posso dizer que aconteceram comigo, assim me constituindo.
Tão importante
é ele que, no que toca ao aperfeiçoamento espiritual dos humanos, uns dizem que
o temos de apagar, de o ir apagando, e outros de o ir constituindo e
aperfeiçoando. É o que já referimos no texto 177, onde também explicitámos a
nossa humilde opinião: afirmá-lo e aperfeiçoá-lo - sim, senhor -, mas, a
espaços, também o sabermos esquecer para abraçarmos o mundo, para sermos só
esse mesmo abraço. Sim, durante alguns momentos, quantas vezes quisermos,
sermos só esse abraço ao mundo, essa consciência amorosa do universo.
Na realidade,
o eu não é uma “coisa-em-si”, no
sentido de nele haver um miolo ou substância metafisicamente a nós inacessível,
mas tão só aquilo que dele nos vai aparecendo – e pouco ainda é - começando
pela sua base: a mais ou menos unificada memória de percepções que posso chamar
minhas, conforme já acenámos em
vários textos (169, 171, 173, 180).
Andamos à
procura de riquezas e de jóias no universo, olhando para fora, para o
macrocosmos, e não temos olhado para a jóia quase divina que se esconde no mais
íntimo de nós! Jóia, sim, a mais bela e melhor do mundo, se o eu for bem constituído e formado. Mas
também ao contrário, se ele for mal constituído e deformado, ele redundará
naquilo que de mais horrendo existe.
2 - Quem
escreveu de uma forma profunda e sublime sobre como construir e aperfeiçoar o
nosso eu foi Augusto Cury, em A Fascinante Construção do Eu.
Entre o muito
que o autor diz sobre o assunto, consideremos aqui a forma como o eu deve reagir com quem lhe faz ou fez
mal, sabendo nós, de antemão, que muitas vezes o pior inimigo do eu é ele próprio. E então, o autor diz
que, em todos os casos, “desviar o pensamento ou tentar distrair-se para
superar conflitos e traumas pessoais é a pérola das técnicas populares”. Mas
isso muitas vezes não resulta, acrescenta ele, e até pode recalcar mais o
problema porque “o registo na memória não depende do eu, e tudo o que evitamos ansiosamente será intensamente
arquivado”.
Em relação aos
outros – no caso da calúnia ou de outro mal que por eles nos possa ser causado
– Cluny diz que não podemos “pautar as nossas relações pelo binómio bateu-levou”. E sobre este assunto, na nossa relação connosco mesmos e
com os outros, ele aconselha nunca tentarmos apagar os nossos arquivos mentais,
porque tentar apagar é afundar o sulco negativo já existente na mente.
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