Sentado ele numa imaginária praia
marciana de fulvas areias e ondas mansas, a companheira desabotoa de uma sacola
e serve um lanche apetitoso. É um real prato de “delícias do mar e da terra”
para eles comerem com dois casqueiros de broa, mas tudo trazido do seu antigo
planeta, enquanto a criança tenta, sempre em vão, levantar o seu papagaio no
ar.
Num pequeno discurso de patriotismo
comovido, dias antes – dos dias fora da Terra nunca sabemos a duração -, ele, o
pai da pátria, tinha propalado urbi et orbi a façanha de terem posto em Marte o
veículo Curiosidade, motivo de grande
orgulho para a rica nação americana.
Mas mais uns tempos antes, quando
acima de cem nações estiveram presentes ao mais alto nível na Conferência Rio+20 para concertarem
estratégias de desenvolvimento sustentável para o planeta azul, o pai da pátria
não quis saber e primou por estar ausente!
Quer dizer, os bichos humanos não se
entendem em salvar a vida no seu planeta, mas andam à procura dela num outro!
Ou será mesmo por já não se entenderem que se apressam nesta demanda? E, já
agora, não será também para espoliarem esse novo planeta, das suas riquezas
minerais, se outras ainda não tiver? Porque falar de riqueza a esse grande país
é como falar de manteiga em focinho de cão! Tiveram bons mestres, começando por
Calvino, que os educaram nessa ambição!
É muito saudável e bom satisfazer-se
a curiosidade, fazer a conquista do
espaço e estender esta nossa vida complexa por outros cantos do Universo, sim
senhor, mas haja decoro aqui na Terra, no respeito pela vida e na distribuição
das riquezas.
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