4 - Caminhemos agora de visita a um
cemiteriozinho, não outra vez ao soalheiro cemiteriozinho de há tempos (13.2),
mas a um outro muito mais longínquo, de companhia com Hans, a ver se
encontramos a sepultura onde repousam os restos mortais de uma pessoa querida.
E só depois de muito longas viagens e de porfiados esforços, lá encontrámos a
tão por nós procurada campa rasa, meio abandonada.
Padre jesuíta
francês, professor, iluminado poeta da evolução cósmica, Teillard de Chardin (1881-1955)
defendeu pontos de vista demasiado arrojados para o seu tempo, mas quase
todos agora aceitos por Hans. Na verdade, também Kung se delicia com a fé e a
poesia de Teillard de Chardin, segundo as quais, na evolução das coisas do
universo, há algo de mais profundo nelas do que elas próprias.
Segundo
Teillard de Chardin, citado por Hans Kung, o próprio Deus não está ainda
completamente feito, mas vai-se fazendo e completando na evolução: “também ele é
um processo em progressão (…), culminando no Cristo cósmico universal, que é a
unidade da realidade de Deus e do mundo em pessoa” (pp. 112-113). Mas tendo em
consideração o alto conservadorismo das instituições religiosas, não admira que
estas ideias de Teillard e outras suas semelhantes, tenham levado à proibição
de circularem na Europa todas as obras científicas do autor, o tenham ainda
impedido de ensinar em escolas católicas do mesmo continente, e também levado a
ele ser abandonado pela sua congregação religiosa e pela sua amada Igreja Católica.
Nos últimos tempos da sua vida, foi a América (USA) que o acolheu, aí tendo
ainda leccionado e finalmente morrido e sido sepultado.
Mas também
Kung, ele próprio, tem posições demasiado arrojadas para o tradicional
conservadorismo da “Congregação da Fé”. Na verdade, ele defende por exemplo “um
entendimento dinâmico de Deus”; um Deus “simultaneamente transcendente e
imanente ao mundo”; um Deus que “não intervém milagrosamente na história”; em
suma, “Deus é a própria dinâmica, ele cria o mundo em si mesmo, ele mantém-no e
move-o invisivelmente de dentro” (p. 121).
Mas
se Deus é uma realidade absoluta, eterna e perfeita, como pode estar ele em
desenvolvimento? Em que consiste esse seu desenvolvimento? Não lhe traz mais
perfeição? Não o situa também no espaço e no tempo? E as criaturas não
continuam a ser só criaturas? Não haverá aqui poesia ou falácia metafísica?
Realmente dá que pensar e pensar.... e cada um que entenda à sua maneira......!!!
ResponderEliminarCada um de nós que defenda as suas ideias.
Eu tenho “um entendimento dinâmico de Deus” muito semelhante à posição de Kung.
Obrigado pela publicação.