À pista de
um terreno urbanizado,
em seus
longos passeios laterais,
com uma boa
brigada de operários
vem o
mestre calceteiro, por sinal,
um mestre
de três assobios, e diz:
“Façamos
aqui dois trechos de calçada,
de calçada, da pura, à portuguesa”.
Veio, e
agora diz, “Sim senhor,
aqui está
uma obra bem feita,
uma
verdadeira obra – prima”
Mas vem
depois a Natureza,
mãe e
mestra de todos os mestres,
vem, e
torce o nariz à obra:
“Ná, isto
está uma obra imperfeita,
isto é:
ainda não está acabada!”
Vem então
ela mai-los fiéis colaboradores
- o sol o
vento e sobretudo a chuva –
e lançam sobre a calçada
incontáveis
quadradinhos de musgo
Ainda não
dá, porém, a Natureza,
a obra por completamente
acabada:
chama os
seus fiéis colaboradores
e ordena
que protejam a obra
com duas
ordens de seguranças:
a primeira,
junto aos musgos, feita de
impertinentes
tasneiras penugentas
e pegajosas às calças e à roda das saias;
a segunda,
mais atrás, feita de cardos,
armados
muito bem, de picos, até aos dentes
Assim
ordenou a Natureza, para ninguém
lá entrar a
vandalizar a obra.
Ordenou, e
então ela finalmente disse:
“Agora é
que a obra está acabada e perfeita!”
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