quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

197 - Saudação ao Sol

Andamos ligados à vida por um laço
que, a cada instante ou passo,
pode deslaçar ou partir

Daí que, para os sustentarmos os dois,
ao laço e à vida, com alguma segurança,
tenhamos de atentar nos quatro fios
em que se fundam e entrançam esses dois tecidos,
ou seja, o ar a água a terra
e a benigna e amena maciez da luz

Estendamos então, no chão liso,
junto a este pequeno lago tranquilo,
os santuários breves das nossas esteiras
e façamos a meia saudação ao sol:
de pé costas direitas braços levantados,
ou dobrando e deixando cair braços e cabeça,
alongando contraindo e sempre respirando,
exercitemos o corpo e relaxemos a mente

Sintamos o vigor e a energia no corpo
e sobretudo saibamos que, no limite, nem somos
os virtuais pensamentos da nossa mente,
pelo que não será bom, para nós,
envolver-nos, sem mais, nessa quase alheia rede

Feliz do homem que olha de fora, friamente,
para o frémito desse estranho novelo,
e que tem a consciência de que é nada,
nesta conformidade, agindo e reagindo

De si consciência que floresce do seu corpo,
a qual o aceita e também ouve e cuida
com esta invocação ao sol, bebendo a luz

Semelhantemente às gaivotas que, essas, paradas,
entre o mar e a terra, na areia, e voltadas para o sol
não carecem de exercício … só contemplam


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