sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

195.1-2 - Jesus e Francisco

         1 – Olá, amigas e amigos, ainda se lembram daquela figura histórica que formou para si um eu tão excelente e perfeito, como jamais alguém pôde conseguir? Vimos isso no texto 189, e claro, já estamos a perceber que se trata daquele Jesus histórico que nasceu em Nazaré, ensinou e fez discípulos, acabando por ser condenado à morte em Jerusalém, pregado numa cruz.
         Intuitivamente, ele foi formando e aperfeiçoando o seu eu, e, já naquele texto, nós vimos em que campos essa excelência foi sendo conseguida: ele foi um mestre sublime em razão das suas palavras, dos seus gestos acompanhados de palavras mas também sem elas, e finalmente em razão dos seus silêncios.
         Entre as palavras mais sublimes que com certeza proferiu – sabemo-lo bem -, figuram aquelas já citadas no referido texto, as quais se prendem com a rejeição do hábito da retaliação, ou seja, do “bates-me e logo levas”, e com a proposta do amor aos inimigos, estes dois preceitos confluindo para, se forem cumpridos, podermos vencer a violência entre (e dentro de) nós.
         Mas há ainda outras palavras suas, também sublimes, estas acompanhadas de rasgados e corajosos gestos, que não podemos deixar de aqui e agora referir.

2 – Tenho a Bíblia aberta no passo da Purificação do Templo
– primeiro narrado paralelamente pelos três evangelhos sinópticos (Marcos, Mateus e Lucas), mas depois também pelo evangelho atribuído a João –, passo em que se conta a expulsão dos vendilhões do templo operada por iniciativa e intervenção de Jesus. 
         Nos três primeiros evangelhos se conta então que, aproximando-se a Páscoa judaica mas também a sua morte, Jesus desceu a Jerusalém, foi recebido triunfalmente na cidade, logo depois entrando no templo, onde se deparou com o triste espectáculo da sua profanação. Sumamente irado com aquilo que aí via, “derrubou as mesas dos cambistas”, expulsou de lá todos os que estavam a vender e a comprar dinheiro e animais, enquanto ia gritando a todos que, de uma casa que devia servir só para oração, eles estavam a fazer um “covil de ladrões”.
Quanto ao evangelho atribuído a João, se só aí se encontra o significativo pormenor de Jesus ter feito um “chicote de cordas” para expulsar animais e vendilhões, também é o único a não relacionar este acontecimento com a muito próxima condenação de Jesus à morte. Porque, para os três sinópticos, parece claro que tal atitude de Jesus, cheia de autoridade e veemência acusadora, foi causa motiva e próxima para tal condenação. Por seu lado, por começar antes da história humana e terminar fora da mesma história, e ainda por não se preocupar com o encadeamento interno dos factos narrados, o evangelho de João não releva para este último assunto.


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