1 - A propósito de “A Esquerda
Radical” e porventura também da Convenção do Bloco de Esquerda que viria no dia
seguinte (Expresso, 11-11-12),
Henrique Monteiro escreve: “O que a mim me interpela é haver ainda quem, de
forma genuína – quero crer -, acredite em ideais salvadores organizados a
partir do Estado; em sociedades igualitárias impostas sem ditaduras (assim o
dizem); em utopias que, quando foram levadas à prática, acabaram em regimes
autocráticos ou terroristas, baseados em oligarquias e – sem qualquer exceção –
no empobrecimento geral e súbito dos cidadãos”.
E depois de dizer que “o corte da
direita com o fascismo se manteve total depois da II Guerra”, acrescenta:
“aceitamos hoje a extrema esquerda como nunca aceitámos a extrema direita”. E,
de facto, na nossa Assembleia da República – dizemos agora nós – mais à direita
da direita conservadora e democrática nada existe, enquanto que as esquerdas à
esquerda do P.S. defendem ideais utópicos que, na prática, ou ainda não foram
testados, ou, tendo sido, deram naquilo que H.M. refere.
Ponto importante é que o Estado seja
para os cidadãos e não os cidadãos para o Estado; portanto, eles é que decidirão
sempre quanto e qual Estado querem, sempre só na medida das possibilidades
reais e democráticas.
2 - Mas há utopias que vale a pena
alimentar, ainda que só, por enquanto, como referências utópicas: a de se
eliminar o salteador capitalismo financeiro; a de o dinheiro ser considerado o
sangue das nações e portanto ninguém poder dele usar com usuras; a de os
políticos serem todos honestos e terem eles o poder de promover e distribuir
esse sangue, começando pelas pessoas mais carenciadas; enfim a de o ser humano
deixar de ser lobo dos outros seres humanos, mas irmão na humanidade que é
pertença de todos.
Alimentar estas utopias, ainda que por
enquanto só como referências utópicas, sim senhor, mas a concretizar mesmo num
futuro mais ou menos longínquo. Porque estas utopias, se levadas à prática, não
gerarão ditaduras nem empobrecimento dos povos, mas irão robustecer as
democracias e a riqueza material e espiritual das nações (ver texto 87).
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