quinta-feira, 15 de novembro de 2012

109 - As Boas Utopias


1 - A propósito de “A Esquerda Radical” e porventura também da Convenção do Bloco de Esquerda que viria no dia seguinte (Expresso, 11-11-12), Henrique Monteiro escreve: “O que a mim me interpela é haver ainda quem, de forma genuína – quero crer -, acredite em ideais salvadores organizados a partir do Estado; em sociedades igualitárias impostas sem ditaduras (assim o dizem); em utopias que, quando foram levadas à prática, acabaram em regimes autocráticos ou terroristas, baseados em oligarquias e – sem qualquer exceção – no empobrecimento geral e súbito dos cidadãos”.
E depois de dizer que “o corte da direita com o fascismo se manteve total depois da II Guerra”, acrescenta: “aceitamos hoje a extrema esquerda como nunca aceitámos a extrema direita”. E, de facto, na nossa Assembleia da República – dizemos agora nós – mais à direita da direita conservadora e democrática nada existe, enquanto que as esquerdas à esquerda do P.S. defendem ideais utópicos que, na prática, ou ainda não foram testados, ou, tendo sido, deram naquilo que H.M. refere.
Ponto importante é que o Estado seja para os cidadãos e não os cidadãos para o Estado; portanto, eles é que decidirão sempre quanto e qual Estado querem, sempre só na medida das possibilidades reais e democráticas.

         2 - Mas há utopias que vale a pena alimentar, ainda que só, por enquanto, como referências utópicas: a de se eliminar o salteador capitalismo financeiro; a de o dinheiro ser considerado o sangue das nações e portanto ninguém poder dele usar com usuras; a de os políticos serem todos honestos e terem eles o poder de promover e distribuir esse sangue, começando pelas pessoas mais carenciadas; enfim a de o ser humano deixar de ser lobo dos outros seres humanos, mas irmão na humanidade que é pertença de todos.
Alimentar estas utopias, ainda que por enquanto só como referências utópicas, sim senhor, mas a concretizar mesmo num futuro mais ou menos longínquo. Porque estas utopias, se levadas à prática, não gerarão ditaduras nem empobrecimento dos povos, mas irão robustecer as democracias e a riqueza material e espiritual das nações (ver texto 87).

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