Quando se está só
habita-se o vazio e o silêncio.
No vazio e no silêncio
está a fonte da vida;
já todo o pensamento
é ocupação e barulho.
Tanto posso descer ao meu
Eu profundo,
como sentir-me a renascer
desse vazio, em cada agora.
Tudo e todos, no Universo,
estamos sempre saindo do vazio,
mas a ele também regressando
a ele nos acolhendo.
Guardado na concha da memória,
anda o meu eu psicológico:
abstrair-me dele é estar só,
é desaguar no Eu profundo.
Alimentemo-nos de vazio e de
silêncio,
percamo-nos nesse imenso Oceano,
quase nos esquecendo que
somos ondas desse mar.
Entrar no santuário do vazio e do
silêncio
não é perder tempo, é ir para além
dele;
não é ficar ocioso ou fugir à vida:
é encontrar o amor e o saber mais profundos.
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