sexta-feira, 13 de junho de 2014

221.1-2 (de 5) - Sobre a Morte

A MORTE em KRISHNAMURTI e em OUTROS


       1 – Olá, amigas e amigos! Aqui está um assunto (a morte) em que não gostamos de pensar nem falar, mas sim de o meter debaixo do alqueire ou do tapete. A própria sociedade de consumo em que vivemos, de nós fazendo eternos jovens sempre prontos a consumir, persiste em nos inculcar tal procedimento.
            E de facto, ao princípio, sobretudo quando somos jovens, parece que a morte é uma realidade que só acontece aos outros, aos mais velhos. Mas não tardará muito que comecem a morrer também amigos nossos, familiares queridos, pessoas conhecidas, e, com tudo isso, essa avassaladora ideia da morte começa a entranhar-se também em nós. Todavia, como temos e sentimos então uma grande fome de viver, de subirmos na vida concretizando ideais, acabamos não só por não dar à morte a atenção que ela merece, como ainda passamos a ter medo dela e, ainda pior, a não saber eliminar esse medo.
            Porém, nós não podemos olhar a morte só intelectualmente, portanto de uma forma parcial que é própria do eu mental – isto já é pensamento de Krishnamurti -, mas sim olhá-la por meio de um percebimento global, ou seja, pela compreensão, sempre feita de inteligência e de amor. Na realidade, vida e a morte são duas irmãs tão unidas que não podem existir uma sem a outra, e por isso elas, as duas, não devem deixar de se entender uma à outra, cordialmente.

            2 – Ficou dito que temos medo da morte. Mas, afinal, - pergunta Krishnamurti – “De que é que temos medo? Temos medo do facto, ou de uma ideia acerca do facto? Temos medo de uma coisa tal como ela é, ou, em vez disso, temos medo daquilo que pensamos que essa coisa é? Por exemplo a morte. Temos medo da morte como facto, ou da ideia de morte? O facto é uma coisa e a ideia acerca do facto é outra. Será que tenho medo da palavra “morte”, ou do facto em si? Porque se tiver medo da palavra, da ideia, nunca vou compreender o facto, nunca vou olhar para o facto, nunca vou estar em relação directa com o facto. Só quando estou em completa comunhão com o facto, é que não há medo”. (O Sentido da Liberdade, p.176)

            Noutro passo da mesma obra, o autor continua a perguntar, e também a responder: “Que é o medo? O medo só pode existir em relação a alguma coisa, não isoladamente. Como posso ter medo da morte, como posso ter medo de alguma coisa que não conheço? Só posso ter medo daquilo que conheço. Quando digo que tenho medo da morte, será que tenho realmente medo do desconhecido – que é a morte – ou tenho medo daquilo que conheço? O meu medo não é da morte, mas de perder a minha ligação às coisas que me pertencem. O meu medo está sempre em relação com o conhecido, não com o desconhecido”. (p.78)

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