A longa e também
íngreme escalada do yogi,
que ocupa e se
prolonga por toda a sua vida
tornando transparente
em sua divindade o eu superficial,
de oito trechos
consta, importantes e distintos:
Nos dois primeiros
trechos desta escalada,
como “preliminares
morais” para o corpo e para a mente,
deve o yogi abster-se de ferir, mentir,
cobiçar, roubar,
ser sensual; e autocontrolar-se, estudar e contemplar
o divino.
Com as asanas ou posturas corporais, no
terceiro trecho,
a mente cuida do
corpo, para que este melhor a sirva.
Vem depois o quarto
trecho, em que se treina a respiração,
não vá ela perturbar
mas promover o repouso da mente.
Já voltado para o seu
mundo interior, no quinto trecho,
fechadas que estão as
portas dos sentidos, o yogi
começa a
concentrar-se num só objecto.
A mente em repouso,
liberta de todos os pensamentos
e concentrada
longamente num só objecto, é o sexto trecho.
E eis que se avizinham
os píncaros nevados e nítidos
do mais alto da
montanha, com os derradeiros passos:
quando, desprendido
do seu eu de pensamentos e desejos,
feito só consciência,
o yogi olha absorto para uma flor,
fundem-se o sujeito e
o objecto,
sobrando só a flor
consciencializada.
E se assim, feito só
consciência, ele olhar para si mesmo,
verá que não é eu,
mas Eu; que é nada, mas também Tudo,
tendo também cada
objecto perdido os seus limites.
Já não é o eu que
espera recompensas - já lá vai há muito
a espessura do seu
isolamento ou até mesmo solidão -
mas sim Eu aberto,
anónimo transcendente e eterno,
tornada visível essência
de um eu já sem necessidades,
Eu profundo,
infinito, íntima centelha de Deus
Nota: Para este assunto, veja Huston Smith em A
Essência das
Religiões (Induísmo), aqui seguido e citado.
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