Sobem os dois a montanha
em passo lento e atento:
líquida luz em caudal
tombando sobre penedos,
à distância,
e perto, um ribeiro doce
em cuja margem se sentam
à tardinha
olhando a água que corre
Como a água, os dois aceitam
ir na corrente do tempo
do tempo próprio dos seres,
ir os dois degenerando
sempre embora resistindo
no que podem quanto podem
No entanto, no percurso
que cada um vai fazendo,
se o tempo gasta e corrompe,
ao invés crescem a paz
e a compreensão do que somos:
Na corrente em que nós vamos,
nós vamos indo mas somos,
somos conchas vazias
para abraçarmos o mundo
Embora seres de tempo,
ainda assim saboreemos
o sabor desta corrente
Nota: Sobre este assunto, veja também, entre outros, se quiser, os
textos 8 e 116.
Sem comentários:
Enviar um comentário