quarta-feira, 19 de junho de 2013

164 - Orquestra


No meio de um aprazível jardim
um amplo e bem soante auditório
a pesada e grande orquestra a tocar
metais estridentes e delicadas flautas
cordas madeiras percussões e teclas
tudo um grande volume de numeroso som
em feérica e aérea apoteose

Mas o som numeroso caudal
vai-se esfumando
crescentemente esbatendo
o numeroso som
já se evolaram o jardim o auditório
a pesada orquestra …

Resta agora
em solo
só o som
alado som
da harpa
pingos de som
pingos
 caindo
no silêncio

Ouve-se o silêncio e ainda o som da harpa
depois só se ouve o silêncio
silêncio que o rosto lava
e as entranhas da alma
de seus múltiplos ruídos
depois já nem sequer esse ouvir se ouvindo
porque não há depois
porque vencemos o tempo

A terra respira
respira o oceano
na fímbria da praia
entre a terra e o oceano
na fímbria da praia
incerta
respiramos


(Nota: Este texto é dedicado a uma equipa de fisioterapia)

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