No meio de um aprazível jardim
um amplo e bem soante auditório
a pesada e grande orquestra a tocar
metais estridentes e delicadas
flautas
cordas madeiras percussões e teclas
tudo um grande volume de numeroso
som
em feérica e aérea apoteose
Mas o som numeroso caudal
vai-se esfumando
crescentemente esbatendo
o numeroso som
já se evolaram o jardim o auditório
a pesada orquestra …
Resta agora
em solo
só o som
alado som
da harpa
pingos de som
pingos
caindo
no silêncio
Ouve-se o silêncio e ainda o som da
harpa
depois só se ouve o silêncio
silêncio que o rosto lava
e as entranhas da alma
de seus múltiplos ruídos
depois já nem sequer esse ouvir se
ouvindo
porque não há depois
porque vencemos o tempo
A terra respira
respira o oceano
na fímbria da praia
entre a terra e o oceano
na fímbria da praia
incerta
respiramos
(Nota: Este texto é
dedicado a uma equipa de fisioterapia)
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