sexta-feira, 14 de setembro de 2012

91 - Abençoada Nação


1 – Olá! No discurso em que aceitou recandidatar-se à presidência dos EUA, o presidente Obhama, entre o mais, disse: “Nós somos abençoados pela Providência, pois somos cidadãos da melhor nação do mundo” (cito de memória). Isto é, Deus abençoa-nos - estará ele a pensar e a dizer - porque somos os melhores, os mais ricos e os mais poderosos. Nem interessa saber – dizemos agora nós – com que meios se alcançou e continua a alcançar tal meta: o de serem os mais ricos e poderosos do mundo. Quer dizer, para ser abençoado pela Providência, basta alguém ser rico e poderoso. A riqueza material, que é hoje o grande poder do mundo, é o indelével sinal de alguém ser predestinado por Deus, para ser feliz: aqui na Terra, claro está, mas também, segundo pensam, no céu da outra vida!

2 - Parece que alguns dos principais jornais de economia dessa abençoada nação deram em ver o nosso pequeno e já sufocado país como “um caso de sucesso do ajustamento” da sua economia. Não lhes importa saber do sufoco em que estamos, pelas medidas cruéis que a estabilidade política nos vai conseguindo impor. O que importa a esse desenfreado liberalismo monetarista é haver estabilidade política, sim, mas para com ela poderem continuar a sacar as suas desmesuradas usuras. E assim, com este pérfido esquema, os gurus da economia global constroem as verdades do seu sistema, com que intentam governar o mundo… para o poderem explorar.
Pois não sabemos nós que a origem desta crise global da economia teve origem nessa nação poderosa? Esses animais predadores que (por serem racionais) são piores do que os outros infligem as doenças, receitam os remédios e, pelo caminho, vão-se enchendo de dinheiro, esse dinheiro que é o sangue das nações pobres, necessário sangue para poderem ir vivendo (ver texto 73). Mas é assim – segundo eles - que a Providência, os vai abençoando.

         3 – Bem sabemos também que, nesta velha e em muitos lados quase exangue Europa, não foi pelo socialismo comunista, mas pela social-democracia, que os países ocidentais conseguiram, em diálogo entre capital e trabalho, o seu Estado Social. Mas nestes tempos de crise em que estamos, poderemos perguntar se teremos capacidade para aceitar retrocessos nesse nível de vida atingido; perguntar se estaremos dispostos a superar e a compensar esses recuos no nosso bem-estar económico e social, essa austeridade, com um crescimento mental e espiritual. Porque, neste outro crescimento, sendo nós mesmos os únicos soberanos, a troika não pode meter bedelho!
         Por outro lado, os povos asiáticos – chinos, indianos e outros – não aceitarão continuar por muito mais tempo a trabalhar e a produzir, só em troca de uma malga de arroz! Terão, justamente, aspiração a mais.
         Em suma, será possível que os povos da Terra se entendam sobre a produção e a distribuição da riqueza, alcançando sustentados equilíbrios a nível global? Os egoísmos nacionalistas, as assimetrias e os desacordos existentes em numerosas matérias (ver texto 77.2) não auguram nada de bom! E se o presidente da tão abençoada nação vier a ser o candidato republicano, isso piorará a situação.

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