sábado, 10 de setembro de 2016

456.4 - Água

4 - Há portanto várias espécies de água. Primeiro - e figurando todas as outras - há a água do ventre ou gruta da Grande Mãe, onde vivemos mergulhados durante vários meses. Depois, já fora do ventre, já no bojo do vasto mundo, torna-se logo evidente a mais que ubíqua água ou areia do tempo sempre a escorrer – neste caso já também durante meses dentro do ventre materno - com a qual se medem todas as inexoráveis vicissitudes de todos os seres que aparecem e duram neste mundo.
Há também, naturalmente, a água da fonte, de nascente ou mineral, com que matamos a sede dos nossos corpos: “Mãe, quero água. Estou cheia de sede”. É a água para meninos e sobremaneira para idosos, da qual falou o professor aos seus alunos.
Mas também há a água da calma produzida pelo relaxamento, a água da amizade e da paz, a água de uma pobreza digna, a água da alegria e da beleza e do amor, a água da Verdade - sempre a mesma água de que fala o monge - sempre de nós tão perto, sempre de nós tão longe.
Há ainda, como se inculca na lenda, a água que jorra para uma vida outra, a água viva, segundo aquelas palavras “Quem tem sede venha a mim e beba”, atribuídas pelo evangelho de João ao judeu Jesus de há dois mil anos. Água límpida e sublime é ela que até se diz ser divina, também ela figurada na bem terrena e turba água do ventre da Grande Mãe.
Mas além daquela água do budista Hakuin e desta do judeu Jesus de Nazaré, há ainda a água de Rumi (sec. XIII), poeta e teólogo da tradição islâmica, o qual escreveu assim: “O Amor é a água da vida / beba-o de alma e coração”.
São diferentes estas três últimas águas, ou elas são uma só e a mesma água? Embora de fontes diversas e cada linfa tenha o seu próprio teor e paladar, elas as três não são sempre a mesma água, a água que dessedenta a alma?



Nota: O conteúdo do ponto 2 adveio-me de um pps escrito pelo referido médico professor, depois gentilmente cedido por mão amiga. O texto de Hakuin encontra-se, por exemplo, na obra Deus Ainda Tem Futuro?, coordenada por Anselmo Borges, p. 179; e o de Rumi, em A biologia da Crença, de Bruce H. Lipton, p. 217. Para os assuntos versados nos pontos 3 e 4 deste texto, pode ainda consultar o texto 323, também sob os pontos 3 e 4.

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