4 - Há portanto várias espécies de água. Primeiro - e figurando todas as outras - há a água do ventre ou gruta da Grande Mãe,
onde vivemos mergulhados durante vários meses. Depois, já fora do ventre, já no
bojo do vasto mundo, torna-se logo evidente a mais que ubíqua água ou areia do tempo sempre a escorrer – neste caso já
também durante meses dentro do ventre materno - com a qual se medem todas as
inexoráveis vicissitudes de todos os seres que aparecem e duram neste mundo.
Há também, naturalmente, a água da fonte, de nascente ou mineral,
com que matamos a sede dos nossos corpos: “Mãe, quero água. Estou cheia
de sede”. É a água para meninos e sobremaneira para idosos, da qual falou o
professor aos seus alunos.
Mas também há a água da calma produzida pelo
relaxamento, a água da amizade e da paz, a água de uma pobreza digna,
a água da alegria e da beleza e do amor,
a água da Verdade - sempre a mesma água
de que fala o monge - sempre de nós tão perto, sempre de nós tão longe.
Há ainda, como se inculca na
lenda, a água que jorra para uma vida
outra, a água viva, segundo aquelas palavras “Quem tem sede venha a mim e
beba”, atribuídas pelo evangelho de João ao judeu Jesus de há dois mil anos. Água límpida e sublime é ela que até se diz ser divina, também ela figurada na bem terrena e turba água do ventre
da Grande Mãe.
Mas além daquela água do budista Hakuin e desta do judeu Jesus de Nazaré, há ainda
a água de Rumi (sec. XIII), poeta e
teólogo da tradição islâmica, o qual escreveu assim: “O Amor é a água da vida / beba-o de alma e coração”.
São diferentes estas três últimas águas,
ou elas são uma só e a mesma água? Embora de fontes diversas e cada linfa tenha
o seu próprio teor e paladar, elas as três não são sempre a mesma água, a água
que dessedenta a alma?
Nota: O conteúdo do ponto 2
adveio-me de um pps escrito pelo referido médico professor, depois gentilmente
cedido por mão amiga. O texto de Hakuin encontra-se, por exemplo, na obra Deus Ainda Tem Futuro?, coordenada por
Anselmo Borges, p. 179; e o de Rumi,
em A biologia da Crença, de Bruce H.
Lipton, p. 217. Para os assuntos
versados nos pontos 3 e 4 deste texto, pode ainda consultar o texto 323, também
sob os pontos 3 e 4.
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