Para quem um dia vive, ou viveu,
mesmo que só por um dia,
a sua vida é eterna!
pelo menos, de algum modo,
dura por todo o tempo do universo
Trazido pelas ondas, na praia,
encontrei um búzio esplêndido,
escultura muito antiga toda em pedra,
cuja história só o sábio tempo
conta:
primeiro, por muitos anos viveu
o molusco em sua casinha;
depois, na vazia casinha e por um
largo espaço,
nesse torneadinho molde,
foram caindo e endurecendo
sedimentos;
e então, já não sendo necessária
para proteger nada nem ninguém,
a casinha molde desaparece,
ficando só a triunfante escultura.
Mas o tempo ainda sabe que esta
história
não começa nem acaba assim:
ela se alonga muito para trás
e se estende muito para diante.
Assim nós, também, como o búzio:
elementos físicos mas também
simbólicos,
vindos de perto e de longe,
que recolhemos e de que nos
apropriamos,
realidades lendas mitos de nós
constituintes
e que depois passamos para o futuro
numa cadeia interminável neste
universo sem fim.
Assim nós, também, como o búzio,
como o búzio, pelo menos,
ainda que não sejamos os reis da
criação.
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