sexta-feira, 11 de outubro de 2013

185 - Branca Solidão

Quando nós somos abandonados pelos amigos
ou nos abandonamos a nós mesmos
desalentados na vida,
isso é sempre uma negra solidão, mas

Haverá também uma solidão branca?
íntima treva que se abre à luz?
realmente, o ser humano vive em solidão,
não só em relação aos outros seres humanos,
como também dentro de si, no seu eu mental

Pois que, nos dois casos, o ser humano, só conhecendo
através de pensamento não real mas virtual,
nunca pode chegar à verdadeira realidade dos seres:
a realidade dos outros e a realidade de si mesmo!

Até porque tal realidade é a subjectiva realidade
do eu de cada um, esse ente aéreo e fluido,
muito embora ela habitualmente transvase
para a concreta realidade do seu corpo

É mesmo esse corpo, com abraços e beijos e mais,
e com a verbalização do pensamento virtual,
que estabelece a ponte entre os humanos,
assim atenuando a sua existencial solidão

Há assim a solidão que separa cada eu, dos outros,
mas também a solidão que separa cada eu, de si mesmo,
já que os pensamentos que nos auto-configuram
só nos dão aproximações da verdade:
a minha solidão interna advém de o meu eu ser real,
mas a consciência de mim ser só virtual

Ainda assim, nesse meu suposto eu,
nessa minha condição de só quase saber quem sou,
eu posso a sós olhar-me e até falar-me
sobre o mundo sobre os outros sobre mim,
atender também ao subdiálogo entre
os reais desejos do coração
e os virtuais pensamentos da mente,
falar comigo sobre como me desenvolver e reciclar,
sobre o meu corpo que tudo isto me faculta

Também sobre esta tão estupenda maravilha mental
que nós somos, no universo,
ainda que com a íntima e existencial solidão
que nos move para mais perto dos outros e de nós!
                               

Nota: Por este texto, devo informações a Augusto Cury, em A Fascinante Construção do Eu. Obrigado 

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