Voga, meu barquinho,
voga
Voga, meu barquinho, voga
no azul oceano da vida
água umas vezes calma
outras em tormenta erguida
Voga, meu barquinho, voga:
o corpo é o seu suporte
também dele o cavername
a luz mental vai à proa
aos remos a liberdade
a consciência é de barqueiro
a memória a configura
Voga, eu meu barquinho, voga:
o que é o sujeito? o que é o eu?
ele é uma “coisa-em-si”,
um miolo inacessível,
ou só o que nos aparece
qual conjunto de percepções
que a memória unifica
“ligadas a um corpo vivo”?
Voga, eu meu barquinho, voga
no azul oceano da vida
manhãs claras de bonança
perante outros eus barquinhos
também noites de procela
impondo se lance ao mar
a grave carga mental
do barqueiro e do barquinho
não vão eles adernar
Não somos metafísico real
mas só o real que os sentidos nos
dão
podendo no entanto nós dizer
nunca tão pouco, tanto pôde ser
Dedicatória
A este meu país de marinheiros
dedico este meu breve e tosco texto:
neste mar encapelado
da Europa e do mundo,
mais nenhum outro país
possa agora fazer tanto
…
Mas, oh céus, num canto eclode
do barquinho do país
o ovo de uma serpente
…
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