3 – Naquele primeiro texto e à primeira vista, como o autor logo
ao princípio nos diz que vai “falar sobre a transformação inter-religiosa da
imagem de Deus como consequência de encontros no Japão entre pessoas budistas e
cristãs” (p. 167), parecerá querer referir-se só a crentes, e portanto excluir
os descrentes. No entanto, se olharmos atentamente para toda a citação da
conclusão, e sobretudo atendermos a que o autor inicia a mesma conclusão a
dizer que “no século XXI vivemos na era do diálogo inter-religioso,
intra-religioso e pós-religioso”
(sublinhado meu), então é porque o autor não só não exclui os descrentes, como
positivamente os inclui.
É esta mesma conclusão que está patente e expressamente se
afirma no segundo texto. E a propósito do cientista ateu e seu livro aí citados,
eu próprio posso testemunhar o fascínio e a emoção do mesmo quando - lá para o
final da obra e já desligado do seu pensamento científico por se render à força
do sentimento – fala comovido sobre a evolução e a vida em que felizmente está
mergulhado. E quando assim a razão se cala, por já ter feito o seu trabalho, e
se ergue a voz dos sentimentos – à ideia vem logo o sentimento da gratidão de
estar e ser vivo –, o que é isso senão pura espiritualidade?
Quer dizer, a religiosidade é geralmente espiritualidade, mas
a espiritualidade é bem mais abrangente do que a religiosidade. Há
espiritualidade que não tem a ver com religiões, e nem por isso ela será menos profunda
ou deixará de gerar uma reconfortante felicidade.
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