sexta-feira, 24 de julho de 2015

315 (continuação)

3 – Naquele primeiro texto e à primeira vista, como o autor logo ao princípio nos diz que vai “falar sobre a transformação inter-religiosa da imagem de Deus como consequência de encontros no Japão entre pessoas budistas e cristãs” (p. 167), parecerá querer referir-se só a crentes, e portanto excluir os descrentes. No entanto, se olharmos atentamente para toda a citação da conclusão, e sobretudo atendermos a que o autor inicia a mesma conclusão a dizer que “no século XXI vivemos na era do diálogo inter-religioso, intra-religioso e pós-religioso” (sublinhado meu), então é porque o autor não só não exclui os descrentes, como positivamente os inclui.
É esta mesma conclusão que está patente e expressamente se afirma no segundo texto. E a propósito do cientista ateu e seu livro aí citados, eu próprio posso testemunhar o fascínio e a emoção do mesmo quando - lá para o final da obra e já desligado do seu pensamento científico por se render à força do sentimento – fala comovido sobre a evolução e a vida em que felizmente está mergulhado. E quando assim a razão se cala, por já ter feito o seu trabalho, e se ergue a voz dos sentimentos – à ideia vem logo o sentimento da gratidão de estar e ser vivo –, o que é isso senão pura espiritualidade?

Quer dizer, a religiosidade é geralmente espiritualidade, mas a espiritualidade é bem mais abrangente do que a religiosidade. Há espiritualidade que não tem a ver com religiões, e nem por isso ela será menos profunda ou deixará de gerar uma reconfortante felicidade. 

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