quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

252 - O Ousado Mergulho do Amor

1 - Olá, amigas e amigos! Já aqui falámos várias vezes do amor, e o melhor que fora dito talvez esteja nos textos 13.3 e 14, em reflexões inspiradas em Erich Fromm, na sua Arte de Amar. Revisitemos então esses textos e empreendamos uma síntese.
         Quando, desde o fundo do seu ser, um homem diz a uma mulher (ou uma mulher diz a um homem) “eu amo-te”, o eu amante, pela sua condição de amante, é necessariamente movido a cuidar da sua amada, a corrresponsabilizar-se e a ter respeito por ela, e sobretudo levado a conhecê-la de uma forma outra, isto é, a conhecê-la não pela razão mas pelo vivo amor que já lhe tem.
         Tudo isto vai exigir, ou melhor, tudo isto vai constituir, como diz Fromm, um “ousado mergulho” do eu amante no eu amado. Ora, um mergulho assim, um mergulho ousado, sem dúvida que vai ser um salto no escuro! Porquê um salto no escuro? Porque o eu amante jamais terá uma absoluta certeza – ganhá-la-á crescentemente depois e nunca de forma definitiva ao longo do futuro convívio – uma absoluta certeza de que será totalmente correspondido.
        
2 - É por isto que tão ousado mergulho e tal conhecimento outro não são frutos da razão, mas do amor. Não procedem directamente da razão, mas não que eles sejam arracionais e muito menos irracionais. Não porque, muito embora tal mergulho e tal conhecimento outro não sejam pedidos nem sejam frutos próprios da razão, esta não se oporá a esse desafio, e até o apoiará.
         De facto, o mais perfeito conhecimento é o conhecimento de amor, e a razão sabe disso. E assim, muito embora ela própria não possa lá chegar por ser mais limitada que o amor, ela não só não enjeita tal conhecimento como até o irá apoiar. É este o conhecimento que acompanha, determina e afinal constitui o tal ousado mergulho.
3 - Na verdade, nós só podemos conhecer profundamente um ser vivo, enfim conhecer a vida, experienciando, “con-vivendo” com a mesma vida pelo amor, pois só o amor não rejeita, só o amor sabe aproximar e unir. A razão é bem diversa e sabe disso muito bem.
Tudo isto tem a ver especialmente com as pessoas adultas. E, quanto às crianças, elas não terão uma palavra a dizer sobre o amor? É isso que iremos ver num próximo texto.

Sem comentários:

Enviar um comentário