1 - Olá, amigas e amigos! Já aqui falámos várias vezes do
amor, e o melhor que fora dito talvez esteja nos textos 13.3 e 14, em reflexões
inspiradas em Erich Fromm, na sua Arte
de Amar. Revisitemos então esses textos e empreendamos uma síntese.
Quando, desde o fundo do seu ser, um
homem diz a uma mulher (ou uma mulher diz a um homem) “eu amo-te”, o eu amante,
pela sua condição de amante, é necessariamente movido a cuidar da sua amada, a
corrresponsabilizar-se e a ter respeito por ela, e sobretudo levado a conhecê-la de uma forma outra, isto é,
a conhecê-la não pela razão mas pelo vivo amor que já lhe tem.
Tudo isto vai exigir, ou melhor, tudo
isto vai constituir, como diz Fromm, um “ousado mergulho” do eu amante no eu
amado. Ora, um mergulho assim, um mergulho ousado, sem dúvida que vai ser um
salto no escuro! Porquê um salto no escuro? Porque o eu amante jamais terá uma
absoluta certeza – ganhá-la-á crescentemente depois e nunca de forma definitiva
ao longo do futuro convívio – uma absoluta certeza de que será totalmente
correspondido.
2 - É por isto que tão ousado mergulho e tal conhecimento outro
não são frutos da razão, mas do amor. Não procedem directamente da razão, mas
não que eles sejam arracionais e muito menos irracionais. Não porque, muito
embora tal mergulho e tal conhecimento outro não sejam pedidos nem sejam frutos
próprios da razão, esta não se oporá a esse desafio, e até o apoiará.
De facto, o mais perfeito conhecimento
é o conhecimento de amor, e a razão sabe disso. E assim, muito embora ela
própria não possa lá chegar por ser mais limitada que o amor, ela não só não
enjeita tal conhecimento como até o irá apoiar. É este o conhecimento que
acompanha, determina e afinal constitui o tal ousado mergulho.
3 - Na verdade, nós só podemos conhecer profundamente um ser
vivo, enfim conhecer a vida, experienciando, “con-vivendo” com a mesma vida
pelo amor, pois só o amor não rejeita, só o amor sabe aproximar e unir. A razão
é bem diversa e sabe disso muito bem.
Tudo isto tem a ver especialmente com as pessoas
adultas. E, quanto às crianças, elas não terão uma palavra a dizer sobre o
amor? É isso que iremos ver num próximo texto.
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