I
Traços
Biográficos
1 - Olá, amigas e
amigos! Siddharta Gautama nasceu por volta de 563 ac , filho de um rei
regional da Índia, e por isso com a possibilidade de ter tudo o que de bom,
numa perspectiva mundana, a vida podia dar a um homem. Teve educação e
instrução de príncipe, participava nas grandes festas do palácio, casou com uma
bela princesa aos 16 anos e teve um filho.
Aos 20 anos, porém,
começou a sentir-se insatisfeito com aquele modo de vida, e por isso foi
rompendo crescentemente com ele. Em certas saídas do palácio, ele gostava de
conviver com o povo, e assim se foi apercebendo da miséria e da doença, do
sofrimento e da morte. A vida real da humanidade era esta e não a que levava no
palácio, e então ele despediu-se para sempre da sua família e deixou de vez
essa vida de fausto.
Do palácio, saiu só
com o seu cavalo, e por seis anos vagueou pela floresta à procura de iluminação, para o que se encontrava com
mestres hindus que lhe ensinaram raja
yoga e filosofia hindu. Não
satisfeito porém com tais ensinamentos, foi depois conviver com ascetas
adoptando as suas práticas. Mas como ficou tão débil que quase ia morrendo,
abandonou o ascetismo e procurou outro caminho. Caminho que, por estar entre o
hinduísmo insuficiente e ultrapassado e o ascetismo rejeitado, Siddharta chamou
Caminho do Meio.
2 - E aconteceu que,
assim se dedicando a um “misto de pensamento rigoroso e concentração mística”
segundo as directrizes do raja yoga, Siddharta, à sombra de uma
figueira, conseguiu sentir-se desperto
ou iluminado pela primeira vez, mas
não sem que nessa altura tivesse sido tentado pelo demónio, e vencido tais
tentações. E foi assim que Siddharta Gautama passou a chamar-se e a ser chamado
Buda, que quer dizer Desperto ou Iluminado. Em suma, ele afastou-se para a floresta e para recolher
ensinamentos durante seis anos, e depois, como Buda, dedicou-se até à morte a
um árduo ministério que durou quase meio século.
3 - Mas, afinal, o
que vem a ser a iluminação? Numa
primeira abordagem, digamos que, antes de mais, a iluminação não é nada de
sagrado, no sentido religioso tradicional. Não é porque Siddharta, depois O Iluminado ou O Buda, nunca aceitou o sobrenatural. E então, de uma forma
positiva, qual foi essa iluminação que lhe aconteceu?
Depois de tão árduo
trabalho de preparação, Siddharta viu, claramente visto, ou melhor, contemplou
com toda a nitidez possível toda a realidade de si mesmo: como ser humano
integrado no seu contexto social e natural. Sem sobrenatural, sem graça divina,
mas só na sua realidade natural, muito embora agora mais enriquecida por meio
da iluminação. Isto é, agora já não se olhava como consciência relativa e
limitada, mas como consciência absoluta: já não era o eu mental individual
minúsculo, mas o Eu aberto e universal, absoluto e eterno.
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