sexta-feira, 11 de abril de 2014

213.1 - O Iluminado ou o Buda

I
Traços Biográficos

1 - Olá, amigas e amigos! Siddharta Gautama nasceu por volta de 563 ac, filho de um rei regional da Índia, e por isso com a possibilidade de ter tudo o que de bom, numa perspectiva mundana, a vida podia dar a um homem. Teve educação e instrução de príncipe, participava nas grandes festas do palácio, casou com uma bela princesa aos 16 anos e teve um filho.
Aos 20 anos, porém, começou a sentir-se insatisfeito com aquele modo de vida, e por isso foi rompendo crescentemente com ele. Em certas saídas do palácio, ele gostava de conviver com o povo, e assim se foi apercebendo da miséria e da doença, do sofrimento e da morte. A vida real da humanidade era esta e não a que levava no palácio, e então ele despediu-se para sempre da sua família e deixou de vez essa vida de fausto.
Do palácio, saiu só com o seu cavalo, e por seis anos vagueou pela floresta à procura de iluminação, para o que se encontrava com mestres hindus que lhe ensinaram raja yoga e filosofia hindu. Não satisfeito porém com tais ensinamentos, foi depois conviver com ascetas adoptando as suas práticas. Mas como ficou tão débil que quase ia morrendo, abandonou o ascetismo e procurou outro caminho. Caminho que, por estar entre o hinduísmo insuficiente e ultrapassado e o ascetismo rejeitado, Siddharta chamou Caminho do Meio.

2 - E aconteceu que, assim se dedicando a um “misto de pensamento rigoroso e concentração mística” segundo as directrizes do raja yoga, Siddharta, à sombra de uma figueira, conseguiu sentir-se desperto ou iluminado pela primeira vez, mas não sem que nessa altura tivesse sido tentado pelo demónio, e vencido tais tentações. E foi assim que Siddharta Gautama passou a chamar-se e a ser chamado Buda, que quer dizer Desperto ou Iluminado. Em suma, ele afastou-se para a floresta e para recolher ensinamentos durante seis anos, e depois, como Buda, dedicou-se até à morte a um árduo ministério que durou quase meio século.

3 - Mas, afinal, o que vem a ser a iluminação? Numa primeira abordagem, digamos que, antes de mais, a iluminação não é nada de sagrado, no sentido religioso tradicional. Não é porque Siddharta, depois O Iluminado ou O Buda, nunca aceitou o sobrenatural. E então, de uma forma positiva, qual foi essa iluminação que lhe aconteceu?

Depois de tão árduo trabalho de preparação, Siddharta viu, claramente visto, ou melhor, contemplou com toda a nitidez possível toda a realidade de si mesmo: como ser humano integrado no seu contexto social e natural. Sem sobrenatural, sem graça divina, mas só na sua realidade natural, muito embora agora mais enriquecida por meio da iluminação. Isto é, agora já não se olhava como consciência relativa e limitada, mas como consciência absoluta: já não era o eu mental individual minúsculo, mas o Eu aberto e universal, absoluto e eterno.

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