sexta-feira, 13 de setembro de 2013

179 - Cidadania

1 – Olá, amigas e amigos! Ainda anda em mãos com outras urnas – as de quem tragicamente deu a sua própria vida pela vida de todos – e já o povo está a ser chamado para ir às urnas, por ter eleições à porta!
Talvez nunca tenha sido tão fácil votar como agora, atendendo à canhestra maneira como politicamente temos vindo a ser servidos. Mas, considerando também que não podemos perder de vez as esperanças, talvez até tenhamos de dizer o contrário, isto é, que nunca foi tão difícil.
Fundamento para esse renascer de esperanças, pode ser o caso do Paulo de Oito Portas. Sediado agora no Palácio das Laranjeiras, e antes de viajar para férias, ele recebeu os jornalistas para lhes apresentar novidades, a fim de elas irem rolando pelo país. Lá, no palácio, não lhe gabo o fausto que dizem o Estado dever ostentar: essa ampla sala octogonal, esses nobres estuques e pinturas no tecto, essas oito portas mais os respectivos rodopios de pessoal por elas servidos, e também ele por elas poder entrar e sair. Sobretudo não lhe invejo essas correntes de ar que oito portas à roda, por mais calafetadas que estejam, não podem deixar de causar.

2 – O Vice - Primeiro ministro Paulo Portas chamou então os jornalistas ao seu gabinete das Laranjeiras, para lhes apresentar os termos do “Conselho para os Assuntos Económicos e Investimento”, que ele concebeu e irá coordenar.
São dele as seguintes palavras: “O CAEI está pensado como um poderoso acelerador das decisões sobre os projectos de investimento na nossa economia. É uma espécie de torre de controlo global que avaliará, projecto a projecto, investimento a investimento, as falhas, as demoras, os conflitos e as burocracias do Estado que impedem decisões rápidas e claras para quem quer investir”
Ora, estas são palavras muito importantes e poderosas, e também precisas a dois títulos: não só por serem certas e exactas como também porque necessárias e urgentes. É por isso que nós, os cidadãos, as devemos pesar bem e não esquecer, para depois vermos se elas realmente irão ser cumpridas.
E mais adiante, na sua comunicação, o governante afirma: “O CAEI terá um agenda de projectos em concreto e uma missão pragmática: acelerar e resolver”. “Isto implica – continua ainda – “uma elevada cooperação entre muitos departamentos do Estado e autoridade política para os pôr a remar para o mesmo lado”. Pretende-se então – resume agora ele – “agir em todas as áreas que reforcem a nossa competitividade”. E não se esquece de dizer, para remate, qual é a sua função em todo este processo: “A minha função é coordenar todos, articular estratégias, motivar para objectivos e delegar em cada qual o que sabe fazer melhor” (Expresso, 24-8-13).

3 - Paulo Portas já por nós é conhecido como um malabar artista em gincana política, mas temos de reconhecer que este projecto e as palavras que o apresentam evidenciam uma notável inteligência política. Porque elas não só apontam para o que deve ser feito em governação, de agora em diante, como também mostram os graves erros em que se caiu no passado. É por isso que agora temos de passar a estar muito atentos à execução dos intentos do tal Conselho: sabermos o que avança, como evolui, quem o entrava e com que razões, e também o que é esquecido, ficando assim pelas palavras e intenções. Nós, os cidadãos, hoje mais que nunca, não nos podemos alhear e temos de ser exigentes.

E agora, vêm aí de novo as eleições! Isto, depois de enfim os tribunais, tarde e a más horas, terem resolvido o imbróglio da limitação de mandatos autárquicos, que os deputados, embora avisados pela imprensa e pela opinião pública, aprontaram e depois desdenharam resolver. Vamos votar, como cidadãos democratas, sabendo bem que há várias maneiras de votar.

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