Quando
o chilreio das aves fere o silêncio
das
manhãs, nada mais há nas manhãs de oiro:
as
aves podem esvoaçar ou poisar, podem
aparar
o bico batendo com ele nos ramos, podem
juntar pauzinhos e barro para fazerem o ninho,
podem
gritar as crianças na rua, e o ferreiro
bater
com o martelo na bigorna, podem,
mas
só o chilreio das aves é que fere o
silêncio.
A
ferida só começa a sarar quando, sentadas,
no ninho, as aves procedem à postura dos ovos,
e
depois, dormitando, os chocam no bafo quente
das
suas penas, e só quando os ovos eclodem e
de
lá surgem novas vidas, então é que a ferida
do
silêncio se dá por completamente extinta:
para
se extasiar com a nova vida aparecida,
o
silêncio não pode distrair-se