1 – Olá, amigas e amigos! Há, para nós, uma pergunta fundamental: que sou eu? Sucede que, na língua inglesa, há duas formas de dizer "eu" que muito nos podem ajudar a responder a tal pergunta. Tais formas ou palavras, cada uma com com o seu próprio e distinto sentido, são o I e o (my)Self.
Há no mundo um bicho, o bicho humano, que, partindo dos seus sentidos, vai tendo na vida inúmeras experiências, muitas das quais até o emocionam. Acerca dessas experiências, ele vai pensando, pensando, assim produzindo muitos pensamentos e, claro está, também produzindo o pensador, que é aquele que pensa os pensamentos. Ao feixe das experiências e pensamentos mais importantes, que tal bicho guarda na memória do corpo e da mente, nós podemos chamar o Self.
Há no mundo um bicho, o bicho humano, que, partindo dos seus sentidos, vai tendo na vida inúmeras experiências, muitas das quais até o emocionam. Acerca dessas experiências, ele vai pensando, pensando, assim produzindo muitos pensamentos e, claro está, também produzindo o pensador, que é aquele que pensa os pensamentos. Ao feixe das experiências e pensamentos mais importantes, que tal bicho guarda na memória do corpo e da mente, nós podemos chamar o Self.
Mas, se o bicho humano sabe que é assim, é porque ele está a
ver tudo isso! Quem é que está a ver? É a sua consciência – o I – com a qual, a uma certa distância,
ele vê tudo isso a acontecer-lhe. Vê-se a experienciar e a pensar, vê as emoções
e os pensamentos que delas derivam, enfim vê todo o tal feixe de que acima
falámos. O I é aquele que, um tanto acima
e à distância, vê; o Self é aquilo
que é visto.
2 – E então, afinal, o que somos? Somos o I e o Self, conjuntamente, ou somos só um ou outro deles? Na realidade,
nós somos os dois, muito embora habitualmente tenhamos mais presente o segundo.
Aristóteles, de uma forma muito bela, tomando uma palavra da sua língua, diz
que “os amigos são o nosso Self”. Na
verdade, o Self – que é o eu mental
de que aqui no blog temos falado – é por assim dizer o conteúdo que nos
constitui. Mas, como já dissemos, nós não somos só Self mas também I, essa impassível luz da consciência, a
qual paira um tanto à distância observando o eu mental. Era essa
impassível luz, e só ela, que Caeiro (heterónimo de Pessoa) gostaria de ser: só
o I. Ele achava que devia ser
simples consciência do mundo, pois, como dizia: “ter consciência não me obriga
a ter teorias sobre as coisas: só me obriga a ser consciência” (ver texto 205).
Semelhante opinião tem Krishnamurti quando exclama: “Feliz do homem que é
nada”, isto é, homem que se tornou só consciência, portanto sem todos aqueles
conteúdos do Self (ver texto 221).
3 - Mas não que Caeiro e Krishnamurti - os dois como que
abstraindo do Self -, não dêem um
conteúdo novo a essa luz da consciência, o I.
Com efeito, Caeiro torna-se o pastor das coisas/mesmas ou coisa/coisas e não
dos seus conceitos e das teorias que deles se levantam como acontecia no Self. Por seu lado, em Krishnamurti, só
sendo nada o homem, tornado só consciência,
ele poderá conhecer o real e a verdade.
Em suma, é certo que nós também somos Self, mas desprendermo-nos dele de quando em vez e por momentos para
abraçarmos as nuas realidades do mundo é das coisas mais saborosas da vida. Somos
enfim a consciência do universo, onde, para nós, ao menos onde estamos e em
cada agora, tudo é novo e nada velho.
Para a Cristina, o
Sérgio, a Filomena, o João Paulo, a Isabel e a Nádia, seguidores deste blog.
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